segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Melros

As visitas dos melros ao meu quintal continuam, para minha grande satisfação. Porém, não se restringem ao meu quintal. Aqui só vêm melros pacíficos e de um preto lindo, com vontade de cantarolar e de se esconder, de brincar e passear, nunca de importunar.

Todavia, cada vez mais se ouvem por aí outros melros, a gritar, a escrever, a chafurdar, vomitando ódio, revolta, vingança, ressabiados com tudo quanto mexe e não é da sua opinião, logo deles que, como toda a gente sabe, são dotados e muito e disso deram prova durante quase meio século.

Na maior parte dos casos, são melros que pensam pela cabeça de outros, mais melros, que os usam para que a conversa pareça ter algum nexo, ser credível, vinda de gente que "não tendo onde cair morta" nem sabendo escrever duas linhas direito, se dispõe a servir-lhe de capacho.

E fazem-no socializando nas redes, tornando-as mais mal cheirosas que muitos esgotos. Estes melros podem falar, e gritar, e asneirar, deitando abaixo os tempos actuais e colocando nos píncaros o antigamente, de tão má memória que, a bem dizer, nem merecem duas linhas. 

Valha-nos a paciência infinita que a democracia exige e a capacidade que tem para aturar e dar voz a esta gente.

1 comentário:

Anónimo disse...

Cautela! Um dia destes, a bicharada que vês passar pelo teu jardim, gatos, gatinhos, gatarrões, melros, papagaios, cucos, sapos, lesmas, etc, reúnem-se e decretam nas redes sociais: Chega! O jardim é nosso. Vamos a ele!