terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Jogo de meninos

Chegou a hora do recreio!

Ao contrário do que é costume, as duas salas marcaram o período de lazer para a mesma hora e todos os meninos correm para ocupar os melhores lugares.

Os da sala GNR chegaram primeiro, fizeram o círculo no chão de terra, tiraram dos bolsos os piões e as cordinas, e preparam-se para iniciar o jogo, combinado há já três dias. Mas, de surpresa, eis que surge um problema: os da sala PSP reivindicam para si aquele espaço e o jogo não pode iniciar-se. Transmitem aos da sala GNR que sempre foi ali que brincaram e que o direito consuetudinário lhes assegura a legalidade da situação. A sala GNR que vá brincar para outro lado, que aqui não brinca.

Todos os alunos discutem, aduzem razões, esgrimem argumentos, gritam, barafustam, evidenciam as virtudes do diálogo e o acordo não chega.

- Que se passa aqui?, grita o professor Cabrita, alertado pelo barulho.

- Os meninos da sala GNR ocuparam o nosso espaço. Aqui é e sempre foi o nosso campo.

- Jogam os dois! Quem manda sou eu! Amanhem-se! Vou já mandar abrir um rigoroso inquérito, para determinar quem tem razão. Preparem-se que eu vou ser duro. Olhem o exemplo da sala do SEF!

Qualquer semelhança entre esta estória e a "guerra" travada ontem, em Évora, entre a GNR e a PSP para a escolta das viaturas de transporte das vacinas não é mera coincidência.

É garotice de quem parece não ter mais com que se preocupar ou a (in)disciplina das chamadas forças da ordem. 

1 comentário:

Anónimo disse...

"Covidava-os" para meia dúzia de reguadas em cada mão e uma semana sem recreio, digo eu!