sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Sabedoria

Ontem o pescador, diligente e amigo, tinha avisado:

- Aproveitem bem. Amanhã o mar dá a volta.

Ninguém ligou ao aviso, na certeza de que era basófia de pescador a dar "uma de entendido" nas peripécias do Atlântico que banha a Foz. O tempo estava tão bom, o mar estava chão, nem sequer havia vento. Tretas, para não estar calado.

Hoje, logo à chegada se deu conta que o "saber da experiência feito" existia. O mar nem parecia o mesmo. Revolto e trocado, ondas bem altas, apesar de a maré estar a encher há pouco tempo. Nem um surfista quanto mais um banhista.

Caminhada até à aberta e de novo a conversa do pescador:

- A "juventude" tem de ter cuidado. As ondas enganam, o mar está muito bruto e bate quando menos se espera.

Lá está ele outra vez ... nós conhecemos bem isto, que diabo.

Banho na aberta, sem perigo. O mar começava a entrar e fazia uma piscina agradável, com a água a uma temperatura nada habitual.

Regresso pela borda de água, em amena cavaqueira. O pescador já tinha partido e o mar batia com força, espraiando e convidando a andar na areia molhada. Conversa animada, quatro almas alinhadas na perpendicular e, de repente, uma onda vem de lá com uma violência que, por pouco, não leva todos ao chão. Foi preciso força nos pés e nas pernas para evitar que o caminho fosse o agueiro que desaguava lá bem no fundo. Um susto, um banho de água temperada com (muita) areia e a confirmação de que, afinal, quem conhece bem o mar é o pescador ...

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