Os melros são, desde sempre, o meu pássaro de eleição, como já por aqui referi várias vezes.
O preto das suas penas, o amarelo do bico, a forma como voam, a subtileza com que se deslocam no solo, o seu cantar, tudo me delicia. E esse prazer compensa o ódio que tenho aos que, indevidamente também chamados de melros, são oportunistas, vigaristas, crápulas e todos os adjectivos que cada um saiba para definir gente sem escrúpulos. Mas vamos ao que interessa ...
A oliveira está carregadinha de azeitonas, como nunca tinha acontecido. O dono não as apanha e o vento encarrega-se de as ir atirando para o chão, à medida que amadurecem. Os melros deliciam-se, primeiro a medo, depois e à medida que confirmam que o sossego permanece, a tranquilidade instala-se e o repasto acentua-se. Se se aproxima alguém, a pé ou de carro, levantam voo com o silvo característico do aviso para algum mais distraído.
Passado algum tempo, eles aí estão de volta ao "lagar", para continuar a festa. Lembro-me dos "ataques" que sofriam as bagas dos loureiros, mas às azeitonas nunca tinha visto e a satisfação é a mesma de sempre. Só me falta perceber se a azeitona é comida inteira ou se lhe retiram o caroço.
Até os melros que voam estão diferentes, ao contrário dos outros, que continuam iguais ou ainda mais refinados.
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