domingo, 21 de novembro de 2021

Sarjetas

A chuva está a chegar, de acordo com os avisos do Serviço Meteorológico. Mesmo sem esses avisos, toda a gente que por cá anda há uns anitos sabe que, nesta altura, mais dia menos dia, ela chegará e com a força que gosta de trazer na época natalícia.

E "vem-nos à memória uma frase batida": ainda não limparam as sarjetas! Coitadas. Passam nove meses ou mais a ser caixote do lixo, sem regras, depositárias, desde as mais horrendas porcarias até à chave que caiu do bolso e, tinha de ser logo ali, naquele bueiro horrível, nem vale a pena tentar procurar, minhas ricas mãos. O homem das chaves faz outra num instante e até nem é caro.

As sarjetas são desprezadas, ignoradas, desconsideradas. Ninguém lhes liga e nem para elas olha. Não se reconhece a importância que têm na sociedade e na vida de todos e de cada um. A ingratidão do costume.

Há dias, nos trabalhos de alcatroamento de que as ruas do meu bairro têm beneficiado, um dos agueiros foi ignorado e a camada de alcatrão tapou-lhe completamente a frontaria e tirou-lhe a utilidade ... futura. Estou convicto que, um dia destes, alguém há-de passar e verificar que houve asneira. Mandá-la-á corrigir e lá virão dois ou três operários, armados de "pá e pica", para solucionar o problema.

Se a chuva chegar entretanto e acontecerem águas fortes pela rua abaixo, teremos a brilhante e costumeira conclusão:

- Pois, não limparam as sarjetas!

- Já estamos habituadas. É todos os anos o mesmo. E a culpa é sempre nossa, que nos sujamos todas e gostamos muito de folhas de plátano. 

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