domingo, 2 de janeiro de 2022

Progresso

"Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma"
Lavoisier (1743-1794)

O alho francês ocupava uma extensão bem grande, talvez um hectare, se não mais. Foi plantado à máquina, depois de o terreno ter sido preparado, estrumado e canalizado, talvez há uns três, quatro meses, não consigo precisar e não vou perguntar ao dono. É perfeitamente irrelevante para o meu estado de espírito, não aumenta a minha (pouca) sapiência, nem contribui para que a minha personalidade seja mais vincada. Apesar disso, vi-o crescer, sempre alinhado nas faixas que a plantação lhe determinou, fazendo os tubos da rega serem "engolidos" pela sua desenvoltura.

No Natal parecia já estar em condições de ser colhido e cumprir a função para que estava destinado. Não aconteceu. Na semana seguinte, um tractor, uma camioneta, duas pessoas, várias caixas e, num ápice, colheita efectuada.

Se as coisas funcionam como se imagina, deve ter-se seguido a ida para o armazém, a lavagem para retirar a terra, a embalagem e o caminho para o supermercado. A vista do passeante não alcança estes pormenores mas conclui que, num instante, quatro braços e duas máquinas fizeram o trabalho que, em tempos idos, exigiria muitas mãos e muitos dias.

Falso! Nesse tempo, o alho francês não fazia parte dos produtos agrícolas nacionais.

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