sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Expresso - 49 anos

O primeiro número do Expresso saiu em 6 de Janeiro de 1973 e eu, quase no final dos vinte anos, comprei-o. Nessa altura ganhava uns tostões razoáveis (cerca de doze euros e meio mensais) e a mesada que me era dispensada já permitia alguns excessos. O jornal foi um deles, emancipação normal para quem lia o Jornal de Notícias desde o começo da junção das letras. E o vício manteve-se até hoje. Do formato enorme ao actual, a preto e branco ou a cores, sem saco, com saco de plástico ou de papel, tem sido companhia semanal nestes 49 anos. Já referi isso em vários textos aqui deixados e, neste tempo todo, devo ter falhado a compra meia dúzia de vezes. 

Há uns meses, talvez mesmo um ano, que o tempo agora voa mais rápido que o melro que visita o meu jardim todos os dias, recebi um telefonema propondo a assinatura digital, cheia de vantagens, permitia o acesso mais cedo e mais barato, em qualquer sítio e sem carregar o peso do papel. Até era mais verde , protegendo o ambiente. Respondi que, enquanto houvesse papel, era dessa forma que continuaria a ler, como fazia há tantos anos. Conservador! 

O interlocutor quis saber há quanto tempo.

- Desde o número um e olhe que falhei poucas vezes.

- Nem vale a pena continuar a conversa. Obrigado e muito boa tarde.

Nos últimos tempos, o Expresso permite-me aceder ao formato digital, com o código da Revista. Durante a semana vou espreitando, lendo qualquer coisa, desatento, que me falta o toque do papel e o exercício dos braços.

Esta semana o "meu" Expresso foi alvo de um ataque de piratas informáticos, que invadiram os servidores do jornal, da SIC e de outras empresas do grupo. É provável que os meus dados também tenham sido "raptados" pelos piratas e isso faz-me sentir importante, por terem perdido tempo e espaço comigo, que nada valho e estou quase fora de uso. Mas para quê? O que move aquela gente? As novas tecnologias são seguras? O desenvolvimento dos meios e a celeridade das notícias fazem "macaquinhos" na cabeça de muitos? A formatação das mentes é o objectivo? A liberdade assusta e há que a engavetar?

Não concordo com tudo o que sai no Expresso. O jornal tem tido, como todos nós, fases boas, outras nem tanto, algumas para esquecer. Todavia, tanto quanto me apercebo deste provinciano lugar oestino, a pluralidade e a liberdade dos "escrevinhadores" estão e estiveram sempre presentes, mesmo quando o lápis azul imperava e era difícil. 

Honra ao Expresso e à sua força para manter viva a chama, contra ventos, marés e ... piratas.

A edição de hoje vem tão bem feita!

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