terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Mudanças

Hoje, dia em que me dediquei à actividade social de conviver com três amigos muito chegados ainda que afastados, num almoço que não foi lauto na quantidade, por opção própria, mas foi grandioso em conversas, recordações, futuro, crise, opinião, tudo o que está presente quando nos encontramos, assim que é dado "o tiro de partida".

A porcaria do bicho tem tirado a possibilidade do convívio, do diálogo, de ver, de abraçar, criando sensações estranhas e dificuldades no reconhecimento e resumindo tudo às redes ditas sociais e às notícias, sempre de última hora. 

Um dos convivas, dizia-me, a dada altura:

- Já reparaste que as conversas de agora são, na sua maioria, réplicas do que ouvem na televisão? Parece que cada vez há menos gente a pensar e a ter ideias ...

Retorqui:

- Se calhar somos nós que já não entendemos os novos tempos, que elaboramos muito, talvez demais ...

E é capaz de ser!  A velocidade da vida de hoje é supersónica, mesmo em teletrabalho. A vertigem do dedo no telemóvel faz com que as notícias sejam como a pescada: antes de o ser já o era.

No regresso, o encontro com um outro amigo que, mascarado, não foi reconhecido e teve a inversa também verdadeira. Queria tratar de um assunto com um dos convivas e, deste, ouvi:

- Estás bom, Zé V.?

Como é possível não nos havermos reconhecido mutuamente? Lá nos justificámos, com a desculpa da máscara e do tempo passado desde a última vez em que nos tínhamos encontrado.

- Há mais de dois anos que não nos víamos ...

Era verdade, mas em circunstâncias normais e noutros tempos, a cinquenta metros já estaríamos a levantar a mão um para o outro.

Mudou tudo!

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