quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Careca

Mais uma ida ao barbeiro, ou melhor, à Barber Shop, para o corte regular que os cabelos necessitam. Agora, com a marcação antecipada, até o tempo de espera desapareceu. A cadeira, desinfectada, como ele faz questão de referir, aguarda-me.

- É o costume, claro.

A pergunta já tem muitos anos, a resposta é sempre sim, o trabalho é cada vez mais reduzido. A careca, que o espelho estrategicamente suportado pela mão do barbeiro projecta no frontal, é cada vez maior. O que falta naquela área já devia dar lugar a desconto ...

- Hoje não falamos do nosso Benfica. Já estamos quase como os de Alvalade: para o ano é que é!

As máscaras de um e outro não permitem que a conversa flua com naturalidade. Torna-se fastidiosa, cansativa, as palavras têm dificuldade em sair, parece até que as ideias se atropelam e optam por se esconderem nos interstícios do cérebro, com o medo a reduzir-lhes o discernimento.

- Tantos infectados ... eu já me convenci que, mais dia menos dia, me vai calhar. A lidar com tanta gente ...

- Pois ...

- Ainda ontem cortei o cabelo a um cliente, que tem 74 anos, e já apanhou duas vezes. Desta segunda, segundo ele, foi parecido com uma gripe, mas da primeira viu-se aflito. E já tinha as vacinas todas.

Serviço terminado. Regresso a casa, seguindo o conselho/solução da "bióloga" do vídeo que o meu amigo ADS me enviou.

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