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- Não o poderei fazer - afirmou depois de alguns dias em reflexão -, porque na verdade não sei se ambos estão de acordo.
- A minha mãe diz-me que o meu pai também está a sofrer porque a considera a sua verdadeira mulher - rebateu Maria Barnabé. - Se isto não é uma prova ...
- Nem no direito civil, minha filha, nem no canónico, uma confissão de um morto tem validade - explicou o padre, pausadamente, para que ela o entendesse.
- Não percebo nada do que diz, senhor padre - admitiu ela.
- O que quero dizer é que seríamos os dois presos se levasse essa loucura por diante - finalizou ele.
Não houve, depois disso, uma única vez que Maria Barnabé tenha ido à aldeia vender os seus produtos da horta que não fosse sensibilizar o padre para a necessidade daquele casamento. Numa delas, propôs-lhe que os casasse como dois namorados de um namoro contrariado pelas famílias: o padre negou-lho, porque era um homem de valores morais conservadores. De outra, foi dizer-lhe que os casasse sem ninguém por perto, mantendo-se o segredo do enlace, mas nem assim o convenceu, pois aquele alegou que precisaria de testemunhas para essa realização e aí se perderia todo o sigilo que os protegeria daquele sacrilégio. (...)"
1 comentário:
Um livro de leitura fácil. Depois de começar, é quase impossível parar. Felizmente que estão a surgir novos autores, que até sabem escrever.
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