Naquele final de tarde da terça-feira só tinham aparecido seis "futebolistas para o habitual jogo semanal de futebol de salão, praticado ao ar livre e em piso de cimento, para enrijar o osso. Eram os tempos da Parada, que hoje serve de parque de estacionamento. Os pavilhões, com piso de madeira, ainda estavam para chegar!
- Somos tão poucos. Nem dá para um joguinho.
Uns pontapés à baliza, antecedidos de umas corriditas para aquecer os músculos, e não aparecia mais ninguém. Seis não dava para nada e o lamento dos "quarentões" pela ausência dos colegas, que nem sequer avisaram, era perfeitamente audível.
Meio envergonhados, foram-se aproximando. Eram quatro jovens, treze, catorze anos, com ar de quem não se importava de fazer companhia aos "velhos" e colaborar na jogatana.
- De certeza que os "putos" são fraquitos, mas é melhor que nada. Jogamos com calma, para não os assustar ...
- Querem jogar?
- Se nos deixarem ...
Um dos "velhos" foi para a baliza dos miúdos, para que ficassem duas equipas com igual número de jogadores.
- Vejam lá o que fazem. Não vamos massacrar os "putos".
Ainda mal a bola começara a rolar e o primeiro já lá estava. Foi um massacre. Os miúdos chegavam sempre primeiro e os "velhos" nem a cheiravam. Alguns de nós achavam que eram tecnicamente muito dotados e que isso era suficiente.
- Com calma. Troquem bem a bola que chegamos lá.
Não chegámos. Foi uma abada. E os miúdos até pareciam toscos ...
Lição de vida: "quem primeiro alça, primeiro calça" e "mais vale quem quer que quem pode".
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