quarta-feira, 15 de junho de 2022

Tarefas

Este ano, a ginjeira está bem carregada. E as ginjas vão amadurecendo com calma, primeiro as lá de cima - apanham mais sol - a que se seguirão as outras se, entretanto, nada ocorrer de especial.

Já foi concretizada a primeira colheita e, de acordo com a informação veiculada por quem sabe, está assegurada a produção de doce para as encomendas precoces.

Os melros, sempre atentos, aproximam-se cada vez mais e, sem vergonha, vão fazendo a colheita por sua conta. Não fazem parte do quadro nem têm qualquer vínculo que os ligue à ginjeira. São uns meros tarefeiros sem escrúpulos, que nem aproveitam estes dias feriados para fazer pontes e irem "laurear a pevide", como tanta gente fez. Acresce que, como não têm satisfações a dar a ninguém nem respondem disciplinarmente ou legalmente a qualquer entidade, comem as ginjas quando muito bem querem ou lhes apetece, sem qualquer preceito ou respeito. 

Por mais temido que seja o ramo, aparecerá sempre um qualquer melro a deliciar-se com as ginjas, maduras, claro, e comidas apenas e só quando lhe aprouver. Se estiverem verdes, não prestam, só os cães as podem tragar, como dizia a raposa, das uvas.

Se os melros tivessem um contrato de prestação de serviços biunívoco, a ginjeira determinava o seu cancelamento imediato. Não se pode "tarefar" apenas quando convém.

1 comentário:

Anónimo disse...

Mão de obra barata... trabalham em troca de comida.