segunda-feira, 18 de julho de 2022

Formigueiros

Este ano, sem qualquer autorização ou aviso, as formigas tomaram de assalto o jardim e, na labuta que lhes é costumeira e está nas entranhas, devem já ter construído um intrincado labirinto que, espera-se, não irá comprometer a segurança dos alicerces da casa. Os montes de areia que vão aparecendo diariamente fazem ter algumas dúvidas mas a sua capacidade ainda não deve chegar a tanto.

São aos milhares, sempre no carreiro, algumas em sentido contrário como a que o Zeca imortalizou, levando mercadoria para as catacumbas, garantindo a subsistência actual e a futura,  para o inverno que há-de chegar. Esse trabalho árduo irá permitir-lhes gozar com a cigarra da fábula, que não paira por aqui e deverá estar a deliciar-se, cantando sob o sol escaldante as músicas que animam o país a arder e em alerta permanente.

A ocupação, selvagem, que efectuaram, sem qualquer autorização prévia ou posterior, provoca um incómodo terrível em quem já por cá estava e anda com as partes de baixo (não as partes baixas) sem protecção. Mordem que se fartam, causando muita comichão e alguma dor. Ainda mal se chega ao quintal e já uma, mais afoita, subiu pelas pernas ou atingiu os braços, sem dar tempo para que se perceba de onde vem e como conseguiu subir. As restantes seguem-lhe as pisadas e, num ápice, são dezenas. Parece que o seu objectivo é acabar com o direito de andar descalço ou de chinelos no jardim.

Pode ser uma violação dos direitos dos animais, ser até punível por lei mas, aquelas atrevidotas que conseguem macular-me a pele, dificilmente repetirão a façanha, por, na medida do possível, ficarem impedidas de ter segunda oportunidade.

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