Logo pela manhã, a ida ao café revela-se obrigatória, para ir comprar o Expresso, aproveitando-se a deslocação para a primeira bica. Durante muitos anos, essa tarefa era realizada ao sábado mas, como não há bem que sempre dure nem mal que nunca acabe, a pandemia ou a concorrência - não faço ideia e não tenciono telefonar a Francisco Balsemão para saber - alteraram a saída para a sexta-feira. Não é melhor nem pior, é apenas diferente, pelo menos para quem, agora, tem os dias todos por sua conta. Sai o sábado à sexta-feira ...
No quiosque que o café mantém, num recanto junto à entrada, vendem-se jornais (cada vez menos), revistas (cor-de-rosa, as preferidas), isqueiros, tabaco de enrolar, mortalhas para o mesmo, cautelas de lotaria físicas e virtuais, registam-se totolotos, totobolas, euromilhões, e, imaginem só, raspadinhas. Pelo que me dizem, é a "mercadoria" que mais saída tem, procurada por gente de todas as idades e disponibilidades, desde o mais abonado àquele que, com alguma dificuldade, ainda consegue descortinar uma notita bem lá no fundo do bolso.
- Esta tem cinco euros. Troque por outra e dê-me mais duas das mesmas.
A nota de vinte foi colocada em cima do balcão e o empregado abre a registadora e prepara o troco. Se bem percebi, seriam dez euros.
- Deixe estar. Dê-me mais duas daquelas.
O dedo apontado definia as preferidas, diferentes das anteriores, mas seguramente das boas. Simples. Talvez até possa ter sido um excelente negócio. Quando saí, a raspagem executava-se com ansiedade, numa das mesas da esplanada. Fiquei sem saber se houve ou não prémio chorudo. Alguém ganhou, disso não tenho dúvidas.
A vida é um jogo ...
1 comentário:
Raspadinha… o IRS dos pobres.
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