quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Vertigem

Tal como a banana madura não volta a verde, quem andou não tem para andar e águas passadas não movem moinhos, também quem usufrui desta maravilha que é a vida tem o seu ciclo e, naturalmente, a sua importância vai diminuindo, ainda que muitos tenham dificuldade em assumir essa realidade - que a todos abençoa - e achem que o mundo acaba quando deixarem de dar aos braços.

Logo pela manhã, ainda nos primeiros cumprimentos à borda da piscina, um jovem referiu, nem me lembro a que propósito, uma música que tinha ouvido pela manhã e que, para ele, devia ser muito, muito antiga.

- Lembra-se dela, perguntou trauteando o que tinha ouvido.

- Perfeitamente. Deve ser do início da década de oitenta, do século passado, claro.

- Ainda eu não era nascido ...

Quase uma hora de braçadas, a boa disposição sempre gerada na água apesar do cansaço, tempo de finalizar a actividade e de ir para o banho retemperador. Há mais vida para além da piscina.

- Há pouco estava a ouvir a sua conversa com o J. e pensei: lembro-me bem da música. Fiz as contas e concluí que já lá vão perto de quarenta anos e eu era, na época, um adolescente vivaço. O tempo passa a correr ...

 - Tal como a água. É melhor tomarmos a chuveirada e pensar que, para a semana, voltaremos a encontrar-nos aqui.

Ficou por ali a conversa. Cada um tomou o seu banho, secou-se, vestiu-se e despediu-se, com a certeza de que o tempo passa depressa e a esperança que demore bastante a passar.

Nadar cria essa ilusão!

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